12 de abr. de 2014

O vale de Baca !

23/02/2014

O Vale de Baca !   
 “Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti… o qual, passando pelo vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o cobre a primeira chuva.” (Sl 84.4-6).
 O Vale de Baca, também chamado Vale das Balsameiras, Vale de Lágrimas e Vale Árido, era a rota obrigatória para os israelitas nas suas peregrinações a Jerusalém, e tornou-se um símbolo das tribulações que enfrentamos nesta nossa peregrinação terrena, a caminho da Jerusalém celestial. O Vale de Baca, como dissemos,  é muito freqüentado,  é muito indesejável, e, todavia,  é muito proveitoso. Nesta reflexão, e ainda com base no versículo supra citado, farei  duas considerações a respeito deste vale.
1. QUE FAZER NO VALE DE BACA?
O texto diz: “… passando pelo vale árido, faz dele um manancial…” Como? Cavando poços. Os peregrinos orientais, quando passam por regiões áridas, sem água, cavam poços e, deste modo, conseguem água para si e para os seus animais. Assim fizeram os patriarcas de Israel, no passado (Gênesis 26.18ss; Jo 4.12). Isto nos ensina três coisas:
a) Há conforto e uma saída na tribulação. Nossa tendência, quando passamos por uma provação, é desesperar e desistir. Hagar, a escrava egípcia de Sara, mulher de Abraão, quando expulsa de casa, com o filho Ismael, passou por uma tremenda provação: andou errante pelo deserto de Berseba, até que lhe acabou a água do odre. Que fez, então? “… colocou ela o menino debaixo de um dos arbustos, e afastando-se, foi sentar-se defronte, à distância… porque dizia: Assim não verei morrer o menino; e, sentando-se em frente dele, levantou a voz e chorou. Deus, porém… lhe disse: Ergue-te… Abrindo-lhe Deus os olhos, viu ela um poço de água…” (Gênesis 21.15-19). O poço estava ali, a salvação estava à mão, mas Hagar, pessimista, desesperada, incrédula, não o percebeu. Nos desertos e vales áridos da vida há sempre algum poço cheio de conforto e salvação. Quando não, cabe-nos cavar um.
b) O conforto e a saída podem custar esforço. Se o poço não está cavado, temos que cavá-lo nós mesmos. E isto requer esforço, muito esforço. Mas vale a pena. É melhor do que sentar para chorar e esperar o fim. Muito da miséria e completa derrota de muitos cristãos deve-se à sua inação. Se quisermos saciar a nossa sede de conforto, de alegria, de paz, e encontrar saída no Vale de Baca, temos que olhar à volta e encontrar os poços que outros já cavaram, ou então cavar nós mesmos os nossos poços… na Palavra de Deus, na oração, na adoração, no aconselhamento cristão.
c) O conforto e a saída encontrados por um servirão a outros. Os poços abertos pelos peregrinos de hoje servirão aos peregrinos de amanhã. Os samaritanos e o próprio Jesus serviram-se da “fonte de Jacó” (João 4.6,12). No sentido figurado que estamos considerando, os Salmos são fontes de conforto que Davi e outros cavaram quando estiveram no Vale de Baca. O conhecido livro “Mananciais no Deserto” contém os testemunhos daqueles que beberam destas fontes tão antigas, e, por sua vez, cavaram outros poços. Estas são as fontes e estes são os poços que Deus nos aponta quando não temos forças para cavar e, como Hagar, simplesmente nos assentamos para chorar e esperar o fim. Às vezes é preciso desentulhar os poços entulhados por inimigos, por maus intérpretes e por maus conselheiros (Gênesis 26.15,18); outras vezes, é necessário cavar poços novos (Gênesis 26.22).
2. CAVADO O POÇO, ESPERE PELA CHUVA.
Nosso texto diz ainda: “… de bênção o cobre a primeira chuva.” (Salmo 84.6). Isto estabelece uma distinção muito importante para todas estas considerações: os poços que cavamos no Vale de Baca geralmente são do tipo reservatório. Nós os cavamos, mas eles só se encherão quando Deus fizer chover. Tais poços não se enchem de baixo para cima, mas de cima para baixo. Nós fazemos a nossa parte, Deus faz a dEle. Cavar poços, abrir reservatórios é um meio; não um fim. A bênção não está no meio, no reservatório, mas no Deus dos meios que enche o reservatório com Seu conforto, com Sua paz, com Sua alegria, com Sua salvação, com Seu poder, com Sua presença. “Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei, porque o Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; Ele se tornou a minha salvação. Vós com alegria tirareis água das fontes da salvação.” (Isaías 12.2,3).
Vamos concluir lembrando  o Salmo 23: “O Senhor é o meu pastor: nada me faltará… Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque Tu estás comigo: a Tua vara e o Teu cajado me consolam.” (vs.1,4). Deus e Cristo estão conosco no Vale de Baca, por isso exala a bálsamo! Há poços cheios ali. Ele nos mostrará. Quando não, nos ajudará a cavar nossos próprios poços, e prontamente os encherá de bênçãos.
Que Deus te abençõe e te guarde,
Ir. Henrique


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