Não sei Ler !
A frase, retirei-a de Isaías
29:12-13. O profeta lamenta a infidelidade de Judá. Apesar das inúmeras revelações
divinas, apontando o caminho a seguir, o povo não conseguiu ler as mensagens
transmitidas pelo Senhor. Todas eram claras e definidas. Mas persistia recusa
em ler o que estava escrito.( Será que hoje é diferente ? ) não por ausência de
conhecimento e instrução, mas por rebeldia contumaz. Ao responder que não sabia
ler, persistia o falso conceito de não responsabilidade. Como não sei ler, não
sou responsável pelo que está escrito a meu respeito. Grande engano! A recusa
em ler não exime o recusante da culpa. Ao contrário, aumenta-lhe as
consequências e responsabilidades.
Jesus faz colocação semelhante,
em alguns aspectos, aos ouvintes de sua época. Eram capazes de ler os sinais
meteorológicos, anunciadores de chuva ou sol, mas se recusavam a ler os sinais
que apontavam o perigo em recusar a mensagem do Salvador (Mateus 16:1-3). O
Mestre os denomina de hipócritas. Sabiam ler, sim. Mas só liam o que lhes
interessava. Não eram analfabetos. Conheciam o texto, mas refutavam a mensagem,
com a desculpa de não saber ler.
A História continua cheia
desses pseudos analfabetos. Só lêem o que lhes interessa. Recusam-se examinar o
texto e o contexto. Quando o lêem o fazem com segundas intenções. Levam o texto
a dizer o que lhes interessa. São peritos em encontrar mensagens, onde
mensagens não existem. Transformam adjetivos em substantivos. Mudam
o tempo dos verbos. Advérbios passam a funcionar como adjetivos. O passivo tem
conotações ativas. A leitura é truncada. A mensagem fraudulenta. Os resultados
catastróficos.
A Bíblia é clara em sua
mensagem. Não deixa dúvidas quanto ao seu conteúdo e significado. Mas o pecador
insiste em fazer uma leitura diferente. Leitura que aprove e dê sustentação a
algo que o texto não diz. É o argumento da maligna serpente. “Foi assim que
Deus disse?”. “Tem certeza que as palavras proferidas pelo Senhor tem esse
significado?”. Sempre é possível fazer uma releitura diferenciada. De acordo
com a época e as circunstâncias, dizem.
A Bíblia afirma que Deus criou macho e fêmea. O pecador
insiste em refazer o texto e dizer que é possível ter e ler outro padrão sexual
entre as pessoas. Mesmo com a condenação tácita de Romanos, capítulo primeiro,
persiste a leitura deturpada dos propósitos Divinos para sua criatura.
A Bíblia nos leva a ler que o
casamento é monogâmico. Há que persistir a fidelidade que o faz indissolúvel.
Só a morte pode promover a separação. A comodidade gerada pelo pecado insiste
na leitura atual, dado as circunstâncias, que me permitem uma releitura do
texto. O divórcio é aceito, necessário, viável, desejável e há que ser
estimulado. A poligamia e a poliandria são válidas. Os tempos são outros,
dizem. A leitura há que ser diferente. O casamento significa a união de duas
pessoas de sexos opostos, que se propõem construir juntas a família. Gerar
filhos. Educá-los. Zelar para que a pureza do amor permeie as relações
familiares e infundam na sociedade conceitos de harmonia e responsabilidade.
A leitura moderna dispensa o
casamento. O estar juntos e partilhar o mesmo teto. Por comodidade sugerem-se
apenas encontros fortuitos para o prazer momentâneo, sem o caminhar a dois. À
Igreja é sugerido que aceite esta nova ordem familiar e a nova leitura da
constelação familiar. Por isso há que admiti-los como membros, mesmo sabendo
não compartilhar o mesmo teto. Não é a Bíblia que determina a leitura que a
Igreja deve fazer, mas a sociedade que impõe sua interpretação e, coage a
Igreja a ler a cartilha do pecado como sendo válida.
A Bíblia afirma que um salvo
jamais deva usar a justiça humana para solucionar conflitos entre irmãos. Após
o caminho da conciliação e do perdão, caso não ocorra solução, busca-se um
salvo mais experiente que servirá como juiz, (1ª Coríntios 6:1,5-6). Sempre há
alguém na grei com discernimento suficiente para dirimir possíveis desavenças e
questões entre os irmãos. Caso não exista, a solução final proposta pelo texto
bíblico é sofrer o prejuízo, evitando assim que o Reino de Deus seja
prejudicado pelo mau testemunho, (1ª Coríntios 6:7). Mas vemos o contrário. A
vingança e o ódio terminam por determinar o caminho, muito real nas igrejas de
hoje.
A Bíblia é clara em afirmar que não há comunhão entre luz e
trevas. Não há como juntá-las. São antagônicas. Uma pressupõe a ausência da
outra. Fazemos leitura diferenciada do texto. Com o acréscimo de que o
incrédulo é melhor que muitos salvos. Tão bom que não há como descartá-lo.
Afinal “só falta ser crente!”. Falta tudo! Pois falta o essencial. O resultado
da não leitura correta é visto em vidas arruinadas. Lares esfacelados. Órfãos
de pais vivos. Marcas deixadas pelo pecado da desobediência. Precisamos
aprender a ler o texto bíblico. Dizer “não sei ler” não justifica e tampouco
nos dá uma salvo conduto para a desobediência. Não há justificativa para a
rebeldia espiritual.
A cada novo dia somos desafiados a refazer a leitura das
verdades bíblicas. Pautada na gramática elaborada pelo pecado que tudo
distorce. A interpretação que o pecador faz do agir Divino, não encontra
respaldo na gramática divina. Deus não mudou a estrutura da sua mensagem. Não
“escreve direito por linhas tortas”. Mas sim, escreve certo por linhas certas.
A soberania Divina não permite ao Senhor adequar as verdades da sua Palavra à
mutação do tempo dos homens. O que era válido no princípio continua válido
hoje. O que era correto continua verdadeiro hoje, Deus não muda.
Não vale dizer o “Senhor me falou”. Quando assim procedo
elimino a ação de Deus na interpretação da história e do texto. A desculpa de
que “não sei ler” não nos exime da responsabilidade de interpretar o agir
Divino corretamente. Peçamos a Deus sabedoria, não só para ler a mensagem
bíblica, mas para vivê-la em sua essência máxima. Deus continua realizando obra
maravilhosa no meio do seu povo. Obra que destrói a sabedoria dos sábios e faz
com que o entendimento dos prudentes se esconda (Isaías 29:13-14). Quero
aprender a ler o que Deus está escrevendo na história dos homens hoje. Não
posso errar. Não posso ser analfabeto quanto às verdades divinas. Por isso
continue a buscar conhecimento verdadeiro e genuíno e prossiga.
Deus
seja louvado !
Ir.
Henrique
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