22/10/2014
O
significado real de ser Livre
Para milhões de pessoas, nenhuma palavra soa tão bem quanto "liberdade". Nos comerciais de televisão, anuncia-se que a compra de um automóvel ou uma viagem àquele destino paradisíaco trarão a liberdade de que o telespectador tanto precisa. Datas festivas, como a da independência de um país, também são saudadas como símbolos de liberdade, e boa parte dos hinos nacionais a mencionam. Políticos, homens de negócios, publicitários, vendedores, chefes militares – todos sabem como usar essa palavra para chamar a atenção de seus públicos e atrair interesse. Sim, poucas palavras são tão comuns e, ao mesmo tempo, carregam tamanho significado.
A
palavra liberdade também é encontrada diversas vezes nas Escrituras e na
tradição cristã. Qualquer crente que conheça minimamente a Bíblia já se deparou
com versículos que dizem coisas como "a verdade vos libertará" (João
8.32) e que "é para a liberdade que Cristo vos libertou" (Gálatas
5.1). Logo, liberdade não é um tema apenas patriótico ou humanitário; é,
também, um valor presente no Evangelho. Infelizmente, muitas pessoas confundem
dois conceitos de liberdade bastante distintos. O conceito bíblico é bem
diferente do significado cultural do termo, apesar de serem facilmente
confundidos. E nenhum desses é o mesmo que "livre-arbítrio". Isso
pode ser confuso para o cristão comum que deseja saber o que é a verdadeira
liberdade. Seria a prerrogativa de ter escolhas? Seria a ausência de limites e
restrições? Ou é o poder de fazer o que se deseja? E em que sentido Cristo nos
liberta, e em que isso difere daquilo que a mídia, constantemente, nos promete?
No
âmago do Evangelho cristão repousa uma incômoda verdade: a de que, para sermos
livres, precisamos abrir mão de tudo o que a cultura secular nos oferece como
fonte de liberdade. O Evangelho, ao que parece, requer uma distinção entre o
prazer da verdadeira liberdade e a simples posse do chamado livre arbítrio. Não
que o livre arbítrio ou a independência da tirania seja algo ruim; apenas,
nenhuma dessas coisas representam a verdadeira liberdade. Esta, segundo o
Evangelho, se encontra na obediência. E não é exatamente essa a imagem
retratada na cultura popular.
Agostinho,
o grande pai da Igreja, ensinava que a liberdade verdadeira não se trata de
poder para escolher ou falta de restrições, mas sim, de sermos aquilo que fomos
chamados a ser. Os seres humanos foram criados à imagem de Deus; a liberdade
verdadeira, portanto, não é encontrada ao nos distanciarmos dessa imagem, e
sim, se a vivenciarmos. Quanto mais nos conformamos à imagem de Deus, mais
livres nos tornamos – em contrapartida, quanto mais nos distanciamos disso,
mais perdemos nossa liberdade.
De uma perspectiva
cristã, então, a liberdade – paradoxalmente – é um tipo de cativeiro. Martinho
Lutero foi quem expressou essa verdade da melhor maneira, desde o apóstolo
Paulo. Em seu tratado de 1520, A liberdade de um cristão, o reformador
sintetizou a ideia em poucas palavras: "O cristão é o senhor mais livre de
todos e não está sujeito a ninguém; o cristão é o servo mais obediente, e está
sujeito a todos". Em outras palavras, de acordo com Lutero, por causa do
que Cristo fez e por causa de sua fé no Salvador, o cristão se tornou
completamente livre da escravidão da lei. Ele não precisa fazer nada. Por outro
lado, em gratidão pelo que Jesus fez por ele e nele, o cristão está preso no
serviço a Deus e ao próximo. Ele tem a oportunidade de servi-los com alegria e
liberdade. Logo, quem não entende o significado dessa oportunidade simplesmente
não experimenta a alegria da salvação.
Deus seja louvado !
Ir. Henrique
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